Mulher macho não senhor
Maria Gomes de Oliveira na essência e conseqüentemente na íntegra é com certeza uma mulher, não obstante ‘’macho’’.
Dotada de uma personalidade forte, a baiana nascida em Paulo Afonso foi a primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros. Maria nasceu no dia dedicado à mulher, oito de março, esse ano completaria dez décadas de vida.
A filha de Maria Joaquina Déia e José Felipe Oliveira casou-se aos 15 anos com o sapateiro José Miguel da Silva, ou simplesmente Zé Nénem, mas o casamento não prosperou. No ano de 1929 torna-se mulher de Virgulino Ferreira da Silva vulgarmente chamado de Lampião ou Rei do cangaço. Teve uma filha, Expedita, e três abortos.
Em 28 de julho de 1938, foi degolada ainda viva pela volante em uma emboscada, em Sergipe.
O cangaço começa no final do Império, mas só toma vulto na República, era o surgimento dos primeiros bandos armados independentes do controle dos coronéis.
Antes de julgar e criticar a mesma é preciso que façamos um paralelo sobre a sua trajetória.
Diz o historiador João de Sousa Lima que ''as mulheres não tinham uma função específica no bando de cangaceiros, servindo apenas como adornos para as jóias e o ouro presenteado pelos companheiros, uma espécie de status social na esfera do banditismo.'' Assim, poderíamos anular a idéia de heroísmo que se faz sobre ela.
Maria Bonita foi assim chamada posteriormente a sua morte. No bando, a baixinha rechonchuda de olhos e cabelos castanhos era chamada de Maria de Lampião, Maria do Capitão ou Maria de Déia.
Uma ressalva não pode deixar de ser feita. É preciso ter uma personalidade muito forte e ser uma mulher de verdade para deixar o marido do qual já havia se separado para juntar-se aquele que era de sua admiração e em tais condições.
Por fim, gostaria de parabenizar não aqueles indivíduos portadores do cromossomo sexual XX, mas sim a todas as mulheres de verdade, assim como foi Maria Bonita e muitas outras que marcaram a história.
Assim como disse o poeta, ‘’A mulher é a poesia de Deus’’.
Vitória Nunes
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